Realizada na SP Escola de Teatro, durante a
noite desta quinta-feira, 14, uma performance chamada “Act Like You
Mean It” promoveu a ação da
Swissnex no
Brasil. Com a proposta de provar, cientificamente, que atores e atrizes
realmente podem se apaixonar e se odiar durante uma peça de teatro,
evento marcou entrada da marca em São Paulo.
Como em uma batalha de razão vs. emoção, Thomas Grunwald, neurologista
chefe do Centro de Epilepsia de Zurique, e Anton Rey, dramaturgo de
prestígio na Europa, respectivamente se postaram como defensores de suas
ideologias durante toda a noite. Utilizando como pano de fundo a cena
da varanda (Ato 2, Cena 2) de Romeu e Julieta, ambos mostraram que
fingir nem sempre é a melhor saída para artista.
Para iniciar a palestra – que depois se tornaria em espetáculo –,
Thomas Grunwald apresentou uma série de slides contando um pouco sobre
como o cérebro funciona em relação às memórias, fator altamente
importante no caso da atuação. Segundo o neurologista, existem dois
tipos de memórias: as declarativas, normalmente consideradas
resgatáveis; e as não declarativas, que são naturais como emoções e
habilidades motoras.
Além disso, Grunwald contou à plateia que a paixão e o amor de Romeu e
Julieta não passam de ações cerebrais. Como em um insulto – ensaiado – a
Anton, o doutor provou com seus slides que a paixão não passa de
testosterona e dopamina ao seu máximo, enquanto o amor é resultado da
oxitocina e vasopressina fervilhando na nossa cabeça.
Então que Anton Rey, diretor do Instituto de Artes Cênicas e Cinema de
Zurique, toma o posto de “apresentador” da noite, iniciando sua série de
slides. O dramaturgo começa contando a história de Romeu e Julieta,
peça que passou por diferentes “donos” até chegar às mãos de William
Shakespeare. Originalmente criada na Itália, muito aconteceu para que a
“história de amor mais antiga do mundo” pudesse receber a assinatura do
escritor inglês.
Chamando os atores Tiago Homci e Florência Santangelo para o palco e
ordenando – na brincadeira – Grunwald a se sentar, Rey começa a peça.
Com o tom de ensaio dominando a performance, o agora diretor da peça
Anton Rey faz alguns testes com os atores. Pedindo por mais movimento e
reações mais contemporâneas, o Romeu e Julieta da Praça Roosevelt
começava a ganhar força.
Só que, como avisado no folheto informativo da peça, “é a neurociência
que dá a resposta”, Thomas Grunwald não se aguenta e traz mais alguns
slides que para provar o quão falso tudo aquilo parecia ser.
Como por exemplo, quando Romeu profere uma das falas mais clássicas da
peça, “nos teus olhos há bem mais perigo que em vinte espadas”, Grunwald
interrompe – totalmente desesperado – para afirmar que aquilo seria
impossível acontecer se o cérebro não quisesse, como conta: “Quanto mais
risco, mais vontade o cérebro tem de fazer”.
Algumas cenas se seguem até que Rey e Grunwald param para contar o real
propósito de todo o espetáculo. Fascinados com o fato dos atores e
atrizes serem tão capazes de provocar emoções fortes nas pessoas, os
dois decidiram realizar uma pesquisa em Zurique com alunos, professores
de teatro e artistas da Europa inteira para tentar entender mais sobre
como as emoções funcionam no cérebro.
Durante sessões de ressonância magnética, ambos pediram aos
participantes do experimento que recriassem cenas e diálogos
mentalmente, sem que se movessem ou falassem; depois pedindo para que
relaxassem durante um tempo e que refizessem toda a rotina. Os
resultados mostraram que cada vez que os artistas imaginavam estar no
palco, revivendo aquelas emoções, os seus organismos – movidos pelo
cérebro – também se encontravam completamente sob o efeito dos
sentimentos.
Depois de uma noite de brincadeiras e provocações, a ação conjunta de
Thomas Grunwald e Anton Rey veio a fim de provar que “os dois estavam
certos no fim das contas”, tanto no campo da arte que toca o espectador
quanto no do artista que é tocado pela arte. Colocando a batalha entre
razão e emoção em cheque, cientista e dramaturgo mostram que o melhor
caminho para avanço é caminhar em conjunto.
Fonte: http://revistagalileu.globo.com/